Bater em crianças pode levar à violência doméstica na vida adulta, diz estudo

O cérebro das crianças é uma folha em branco que vai gravar facilmente tudo o que elas receberem como exemplo, seja bom ou mau

Crédito: Freepik

Uma criança que cresce achando normal apanhar e agredir, pois vive esse exemplo dentro de casa, tem grande risco de se tornar um agressor ou uma pessoa submissa quando adulta. Afinal, a violência doméstica foi a realidade que ela conheceu na fase da vida em que as referências e os exemplos são cruciais para a formação do caráter e da conduta.

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Quando se fala em violência doméstica não é apenas ver o pai batendo na mãe. A violência pode ocorrer entre pais e filhos e entre irmãos ou outros parentes que vivem na mesma casa. Pode ser física ou verbal, incluindo as palmadas frequentes, os xingamentos agressivos e os castigos severos.

A pesquisadora Angelika Poulsen, da Queensland University of Technology, na Austrália, realizou um estudo sobre o tema, que foi publicado no portal australiano Kidspot. Veja o que apontaram os resultados.

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Segundo Angelika, o ato de bater em uma criança tem o mesmo efeito que uma situação de abuso: “O estresse e o medo que a agressão provoca podem causar alterações em algumas neurotransmissões. É mais provável que leve ao uso indevido de álcool, depressão e comportamentos antissociais e agressivos, os quais, por sua vez, podem ser antecedentes da violência praticada pelo parceiro”, explica.

Além disso, devido ao machismo e ao patriarcado que ainda são as raízes da sociedade em várias partes do mundo, as meninas que apanham têm maior probabilidade de se envolverem em relacionamentos abusivos, enquanto os meninos que apanham têm maior tendência a se tornarem agressores.

O exemplo que as crianças têm em casa são a resposta. Embora nem toda criança que apanha vai se tornar um adulto que continua apanhando ou que se torna agressor, o risco de isso acontecer é alto.

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Quando a criança tem uma rotina na qual a violência é frequente, ela entende que aquele comportamento é normal e aceitável quando se quer expressar raiva, tristeza ou frustração.

A pesquisadora conclui dizendo que o castigo corporal e a violência verbal precisam ser banidos e considerados inaceitáveis. Enquanto esse ciclo vicioso de violência existir, crianças violentadas vão se tornar adultos violentos e passar esse comportamento para seus filhos.

Os pais de agora precisam ter consciência de que não é necessário bater nem agredir verbalmente seus filhos para que eles sejam bem educados, obedientes e tenham boa conduta.

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“Precisamos olhar seriamente para esses estudos. Atitudes e comportamentos têm mais chances de serem aprendidos e aceitos no início da vida, e a prevenção da violência contra crianças apresenta uma oportunidade de ensiná-las, e aos adultos, que a violência nunca é correta”, finalizou a pesquisadora.

É complicado reverter esse conceito na mente, pois é justamente na infância que os conceitos aprendidos criam raízes no cérebro. Mas, uma pessoa adulta e consciente é capaz de reprogramar seu cérebro para nunca mais cometer qualquer tipo de violência, em razão de suas terríveis consequências.