Manual de sobrevivência para as brigas de casal após o nascimento do primeiro filho

Hoje em dia os casais têm milhares de fontes de informação e, na maioria das vezes, seguem para o parto com a lição bem estudada. Muito antes da criança nascer consultaram literatura, assistiram a vídeos e trocaram ideias com familiares e amigos de forma a se prepararem para receber seu filho em suas vidas. Mas quer saber a verdade? Por mais que ajude, não tem um livro no mundo capaz de preparar para esse momento. E o primeiro dia do pós-parto é o início de uma longa prova de fogo, em que as opiniões sobre como cuidar e educar de pai e mãe entram em conflito. E essa é, infelizmente, uma prova a que nem todos os casais sobrevivem.

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Nenhuma relação está livre de brigas

Por mais que os membros de um casal pareçam estar na mais perfeita harmonia, nenhuma relação está livre de atritos. Trazer um bebê para casa vai alterar rotinas e ser uma fonte de natural de estresse e alguma briga. Vocês deixaram de ser dois, de ser um para o outro, e agora têm um ou mais pequenos seres “roubando” a atenção.

O fato dos relacionamentos se ressentirem é tão normal que até já leva nome!

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Baby clash é a designação desse fenômeno, algo que poderá ser traduzido por “choque do bebê”.

Você acredita que um estudo realizado pela Open University, no Reino Unido, comprovou que os casais sem filhos se sentem mais seguros em seus relacionamentos? A grande vantagem que essas famílias têm sobre as outras é o tempo que podem despender com seus parceiros. Tempo de qualidade, com canais abertos para o diálogo e para a verbalização dos afetos. A mesma pesquisa revelou que, naturalmente, as mulheres com filhos se sentem mais assoberbadas. Embora muitas dizem sentir-se mais completas.

Os desentendimentos após o nascimento de um filho são perfeitamente naturais

Será esse um problema com solução prática? Talvez o passo mais fundamental seja aceitar a inevitabilidade da situação. Os conflitos e as divergências são normais. Por isso o melhor será aprender a lidar com eles!

Na perspectiva do psicólogo Luciano Passianotto, as expectativas criadas face ao pós-parto podem gerar desânimo nos pais. Tem toda uma visão romantizada propagada pela mídia, que cria insegurança em ambos os progenitores. Apanhou contágio com essa visão glamourosa da maternidade e paternidade? Na realidade, os primeiros dias de vida de uma criança são tudo, menos construção digna de relato fotográfico. Tem choro, tem sujeira, tem receios, tem caos!

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O importante é comunicar

Não deixe que o desânimo se instale, caso tenha notado um aumento do número de desentendimentos. O importante é comunicar e saber lidar com as coisas, para que possam ser resolvidas. E para isso vai ser precisa dedicação e muito trabalho em equipe. Saber falar e saber escutar, sempre de forma respeitosa. Principalmente se for na frente das crianças. Não tem mal que os mais pequenos assistam pequenas discussões, mas guarde os assuntos mais sérios para serem tratados em particular. Não tem mal que a criança compreenda que haja desentendimentos, porque eles são parte natural da vida. Pode ser positivo ver a forma como os pais lidam com a situação, sempre na base do respeito.

Por que se desentende, então, um casal após o nascimento dos filhos?

Como sobreviver às brigas entre pais após os nascimentos dos filhos

1. Distribuição injusta de tarefas

Se apenas um dos parceiros ficar sobrecarregado com as tarefas relacionadas com a criança, é natural que se ressinta. Mãe é mãe e pai é pai, e não tem desculpas para que um queira ser menos participativo nos cuidados com o bebê.

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2. Falta de tempo para momentos íntimos a dois

Um filho pequeno vai desestabilizar as rotinas de intimidade entre o casal. As razões são variadas: falta de tempo, falta de ambiente, cansaço, estresse, falta de vontade. Tudo perfeitamente legítimo!

O importante é que o casal faça para, pelo menos uma vez por mês, cuidar de suas necessidades amorosas. Deixar a criança nos avós e jantar com calma, assistir a um filme, qualquer coisa que possa reacender a chama e relembrar o quanto apreciam a companhia um do outro.

3. Ciúme do bebê

Pode até parecer um sentimento mesquinho, mas é um acontecimento bem mais comum do que seria de julgar. Se uma mãe está sobrecarregada com as tarefas relativas ao filho, é natural que depois negligencie o pai. Por isso é que também é importante que essas sejam bem distribuídas!

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Mantenha o diálogo aberto, para não dar espaço para a insegurança. Tentem criar uma ligação e uma relação com a criança em que todos sejam intervenientes e ninguém se sinta posto de parte.

4. Quando só um dos elementos do casal consegue arrumar tempo pessoal

A mãe não tem forçosamente de abdicar dos seus interesses só porque, numa fase inicial, o bebê é mais fisicamente dependente dela. Essa circunstância de nossa biologia não pode ser desculpa para que o pai ignore suas responsabilidades. Não é justo que o pai saia e mantenha uma vida social enquanto a mãe fica em casa, cuidando da criança.
Ambos terão direito ao seu tempo de adultos e terão de se organizar nesse sentido. Basta apenas boa vontade!

5. Opiniões de terceiros

Sempre que uma criança nova vem ao mundo, aparecem os familiares prontinhos para meter bedelho. Quem sofre? O casal, que vai protegendo os seus e tem de fazer uma intensa ginástica mental para não se atrapalhar. Depois tem ainda a presença física, de avós e tios que não vão desgrudar suas vidas, mas sim abalar ainda mais suas rotinas.

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Tenha uma conversa sincera com o seu parceiro e definam que não querem ninguém se intrometendo na criação do bebê. Estabeleçam limites e criem as barreiras necessárias, sempre com respeito, para que possam manter a paz em vosso espaço.

6. Perspetivas diferentes

Do mesmo jeito que um pai será mais rígido que outro, um vai dar importância a certas coisas que o outro pode considerar como superproteção.

Mais uma vez, o importante é haver diálogo. Conversem sobre o porquê das coisas, e sobre a forma como certos gestos ou cuidados podem ter impacto direto na saúde do bebê. Fechar a janela enquanto se muda uma fralda pode parecer um ato de frescura, mas é uma medida eficaz para prevenir resfriado, por exemplo. Procure entender o lado do outro.

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7. Cama compartilhada

Vai deixar seu filho compartilhar sua cama? Já discutiu essa opção com seu parceiro? Tem receio que essa medida possa afetar sua intimidade?
Caso seja para avançar com essa ideia, o melhor é encontrar outro lugar para os ditos momentos de privacidade.

Quanto à questão da cama compartilhada, não tem certo nem errado nessa história. Apenas terão de conversar, argumentar com respeito e chegar em uma solução.

8. Economias

A falta de dinheiro deixa qualquer relação desgastada e complicada! Ainda para mais com a chegada de uma criança, que é uma fonte de despesa inimaginável. Por mais que uma pessoa planeje, as surpresas acontecem, e as despesas inesperadas também.

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Para que esses gastos não sejam motivos de discussão, tente manter uma poupança, para eventualidades. Cortem nas futilidades e se preparem para qualquer urgência.

9. Desacordo sobre a aplicação de corretivos

Tem sempre um elemento mais benevolente que o outro. Muitas das vezes, a perspectiva dos pais deriva de suas próprias educações. Mas quando as opiniões divergem, o mais normal é que acabem em briga!

Para contornar esse conflito é importante que os pais tenham uma conversa séria longe da criança até que cheguem a um consenso. Cedam ambos um pouco e escolham uma opção que fique bem lá no meio.

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10. Escolher a escola

A escolha da escola pode revelar divergências no jeito de educar. Enquanto tem pais que preferem um ensino mais tradicional, outros consideram os benefícios de um currículo mais aberto.

Quem vai ter de gostar da escola? Em primeira e última instância, a criança, naturalmente! Mas, é claro, questões como preço, distância e horários não podem ser ignorados. É importante que o seu filho goste da escola, mas aquilo deve ser plausível na vida dos pais. Não adianta nada um dos membros do casal fazer loucuras sobre uma educação perfeita, se aquilo não cabe no estilo de vida.

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