Creche acusada de dopar crianças está sob investigação

Crédito: Freepik

Uma creche de Votuporanga (SP) está sob investigação por dopar crianças. O foco é descobrir quem estava dando Clonazepam, componente do Rivotril, a crianças e bebês.

Publicidade

A creche que está sob investigação faz parte da rede da Prefeitura de Votuporanga. Como muitas outras, recebe muitas crianças de famílias que precisam trabalhar e não têm com quem deixar os pequenos.

E foi o que aconteceu com Keli Nascimento, que confiou à creche seu filho de 7 meses, já que tinha que voltar ao trabalho, assim como seu marido. Keli não tinha com quem deixar a criança e se viu, como muitos pais, obrigada a contar com a rede pública.

O que essa mãe não esperava era ter seu filho quase morto, por atitudes absolutamente questionáveis daqueles que deveriam zelar pelas crianças.

Publicidade

Creche acusada de dopar crianças

Creche acusada de dopar crianças
Crédito: Freepik

Keli é professora e lida com crianças todos os dias. Consciente do seu papel com os alunos, teve que retornar à sala de aula, confiando o cuidado do seu pequeno à equipe do Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Valter Peresi.

Porém, desde que colocou o filho na creche, a vida de Keli se tornou um inferno. Desde os 6 até os 11 meses, ela teve que ir até a instituição diversas vezes, pois seu filho estava passando mal.

Ocorrências

Foram diversas ocorrências do tipo, sendo a primeira com menos de um mês que o pequeno tinha começado a frequentar a creche. A mãe o levava para o hospital, fazia exames e nada era identificado.

Os principais sintomas eram o olhar perdido, boca entortada, muito vômito e desmaios. No dia 5 de outubro de 2018, novamente os pais foram chamados para socorrer o bebê, pois ele vomitou e ficou totalmente desacordado.

Publicidade

O médico alegou ser virose. Depois de três dias, quando já estava completamente livre de sintomas, ele voltou à creche. Porém, no dia 18 do mesmo mês, os sintomas voltaram, deixando Keli desconfiada. No dia 22, ela conseguiu transferi-lo para outra creche.

Veja também: creche municipal tem ioga e massagem

Abertura do caso

Desconfiada de que o problema poderia ser exatamente o uso de drogas entorpecentes, Keli fez um boletim de ocorrência. O resultado dos exames levaram 6 meses para ficar prontos, pois tinha que passar por diversos órgãos para analisá-los corretamente.

Quando o resultado saiu, a bomba: havia evidências claras de Clonazepam – o famoso Rivotril – na urina e no sangue do bebê. Dessa forma, no dia 3 de maio de 2019, a Prefeitura decidiu abrir uma sindicância para apurar o ocorrido.

A mãe ficou revoltada e aliviada, pois sabia que seu filho é saudável, apesar de estar sendo envenenado no local que deveria cuidar dele. De acordo com suas palavras, o seu sentimento é de “revolta e de angústia. De impotência por não descobrir antes”.

Publicidade

A professora já estava fazendo acompanhamento psicológico desde que o seu filho tinha começado a passar por repetidas crises, o que ajudou a lidar com a situação. Na sua profissão, ela sabe que não se pode medicar nenhuma criança, a não ser com o pedido dos pais.

A Prefeitura de Votuporanga afirmou que as denúncias são graves e devem ser investigadas, abrindo sindicância investigatória. Além disso, a polícia e a comissão municipal irão acompanhar todo o processo.

No dia 03 de junho, foi feita uma prorrogação do prazo de investigação por mais 30 dias, de acordo com o executivo da sindicância da Prefeitura. Porém, o caso agora é mais complexo, pois outras nove mães também estão denunciando.

Veja também: grávidas que foram contratadas até no 9º mês de gestação

Publicidade

Outros casos

Creche acusada de dopar crianças outros casos
Crédito: Freepik

Outras mães que tiveram filhos na instituição também estão prestando queixa na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), a fim de encontrar justiça. Todas apresentaram relatórios médicos com sintomas parecidos e ficaram alarmadas com a possibilidade.

Uma das mães, Fernanda Silva Oliveira, afirma que deixou o filho na creche por somente 30 dias, pois começou a notar que ele não estava bem e que tinha passado mal duas vezes no período. Além disso, um dia ela voltou uma hora e meia depois de deixá-lo e o viu totalmente apagado, quase desmaiado.

Foi a gota d’água para que o tirasse de lá e optasse por deixar de trabalhar e cuidar do menino em casa, mesmo que viesse a passar aperto. Depois, conseguiu encontrar uma babá e voltou ao mercado de trabalho.

A Prefeitura afirmou que é totalmente proibida a administração de qualquer medicamento em crianças, a não ser que os pais mandem a receita médica e o medicamento de casa. Sempre deve ser acompanhado de instruções passo a passo, como dosagem e horários.

Publicidade