O perigo das dietas sem carboidrato, lactose, glúten e sal para crianças

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Muito se tem falado sobre a retirada do carboidrato, lactose, glúten e sal da dieta de adultos e crianças, afirmando que são nocivas ao organismo. Os argumentos são sobre eles serem inflamatórios, incharem e provocarem doenças no organismo.

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Mas será que realmente é assim que funciona? Apesar do excesso poder ser prejudicial à saúde de adultos e crianças, eles também têm suas qualidade, normalmente ignoradas, quando se trata de orientação alimentar.

E o caso fica ainda mais sério quando se trata de crianças, pois seus corpos ainda estão em formação e eliminar alguns nutrientes contidos nesses alimentos, pode não ser uma escolha muito saudável.

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A grande questão é como esses alimentos estão sendo oferecidos e em que quantidade, podendo na realidade ser benéficos para o corpo. Entenda o porquê.

Riscos da alimentação sem carboidrato, lactose, glúten e sal

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Muitos são os riscos que envolvem uma restrição alimentar sem a necessidade da mesma, principalmente se for somente uma escolha dos pais, sem a devida orientação médica. Proibir a criança de comer certos tipos de alimento pode levar a problemas com a alimentação.

Por ter excesso de foco, a comida pode passar a ser uma compensação afetiva para quando o dia não tiver sido bom o suficiente. Dessa forma, a criança vai descontar a sua frustração, ansiedade, raiva e outros sentimentos na comida, ao invés de processá-los e compreendê-los.

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O ideal então é manter uma dieta equilibrada, com a escolha correta de alimentos, que vão deixar o corpo nutrido e saudável, pronto para executar as suas atividades corretamente. Para isso, dada de excluir os carboidratos, glúten, sal e lactose.

1. Carboidratos

De acordo com o Ministério da saúde, o carboidrato deve ser cerca de 55% a 75% da alimentação, podendo ser divididos em simples e complexos. Eles são uma excelente fonte de fibras, além de serem fontes de energia.

Os carboidratos complexos são formados basicamente por amido; os simples, por açúcar, de forma simplória. De acordo com o Ministério, os carboidratos complexos devem compreender entre 45% e 65% dos carboidratos totais, pois contém mais fibras e nutrientes.

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A única restrição é o consumo de açúcar vazio, como o contido nos industrializados, tão queridos pelas crianças, como os sucos de caixinha, biscoitos, refrigerante, cereais adoçados e muitos outros.

O carboidrato é importante para o desenvolvimento físico e mental da criança, devendo consumir cerca de 130 gramas por dia, enquanto os adultos precisam de 330 gramas. Além de dar energia para as atividades, ele vai ajudar no crescimento e formação do sistema nervoso central.

2. Glúten

O glúten é um tipo de proteína encontrada em grãos e que tem gerado muita discussão acerca do seu consumo. Há cada vez mais casos de intolerância ao nutriente, mas será que isso é motivo para retirar do cardápio das crianças?

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A resposta é simples: somente com a orientação do seu médico de confiança. Modificar a alimentação da criança, tornando-a restritiva apenas por opção, não é a melhor escolha. Recorra sempre a um profissional qualificado para te ajudar nessa decisão.

Como proteína, ela não é importante para o corpo, porém está presente em diversos alimentos fundamentais, como visto anteriormente, principalmente nos carboidratos complexos, ricos em fibras.

Essas fibras ajudam a regular o trato intestinal, reduzindo o colesterol, doenças inflamatórias e aumentando a saciedade. Claro que, para aproveitar os benefícios, o ideal é que os alimentos sejam integrais, sendo assim fonte de não somente fibras, mas também vitaminas e minerais.

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3. Sal

Mais do que realçar o sabor do alimento, o sal é importante para o funcionamento do seu corpo a nível celular. O que tem gerado muita polêmica é exatamente o excesso de consumo, principalmente por causa dos alimentos industrializados.

Ele é na realidade cloreto de sódio,  que é fundamental para regular a quantidade de água e nutrientes nas células, através das bombas de sódio e potássio. O ideal é que as crianças consumam cerca de 5 gramas de sal, todos os dias.

Se o organismo da criança estiver com uma quantidade de sódio muito baixa, ela tende a sofrer de desidratação, já que as células não irão conseguir manter a água nas células. Por isso, consuma um sal de qualidade, enriquecido com iodo, na quantidade adequada.

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4. Lactose

De acordo com o Ministério da Saúde, o leite é uma poderosa fonte de cálcio, ajudando no crescimento da criança. A quantidade deve ser adaptada ao longo da vida, pois crianças tendem a precisar mais do que os adultos.

É importante que seja oferecido leite integral para a criança, adolescente e gestante – a não ser sob restrição e recomendação médica, pois assim pode-se aproveitar melhor a qualidade nutricional do mesmo.

Segundo o Ministério, ele é rico em “proteínas, vitaminas e a principal fonte de cálcio da
alimentação, nutriente fundamental para a formação e manutenção da massa óssea”. Pode ser consumido in natura, como queijo, iogurte e muitas outras formas.

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5. Gordura

As gorduras são fundamentais para o desenvolvimento das crianças, dando não somente energia para o corpo, mas também para o cérebro. Além disso, a gordura boa compõe a bainha de mielina, camada exterior do neurônio, responsável pela condução dos impulsos elétricos.

Quanto mais saudável estiver a bainha de mielina, mais conexões neurais a criança pode fazer, com mais facilidade. Isso quer dizer mais criatividade e facilidade em aprender coisas novas, sendo fundamental para o cérebro em formação.

Para você ter uma ideia, é exatamente o mau funcionamento e desgaste dessa estrutura que impulsiona o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como diversos tipos de demências.

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A boa gordura, mais conhecida como monoinsaturada ou poli-insaturada de cadeia média, é encontrada no azeite de oliva, óleo de coco, castanhas, peixes como o salmão e o atum e em diversas outras fontes, sendo acessível e fundamental. Crianças até três anos devem consumir 40% das suas calorias diárias em gorduras boas, passando para 25% aos 10 anos de idade.

Isso mostra que o vilão não é o carboidrato, a gordura, o sal, a lactose ou o glúten e sim a forma como eles estão sendo oferecidos para as crianças. Deixe os alimentos industrializados de lado e testem novos sabores e receitas juntos!