Filhos de gestantes que tiveram zika podem ter microcefalia até a alfabetização

Se está grávida e foi picada pelo mosquito transmissor do vírus zika, procure imediatamente seu médico, pois estudos indicam que seu filho pode nascer com problemas de saúde, como a microcefalia. Esta descoberta foi feita pela neuropediatra Vanessa Van der Linden, que achou invulgar o número de casos de crianças com esta doença no estado de Pernambuco.

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A Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) de Pernambuco, na qual Vanessa é presidente, contabilizou 13 crianças portadores de microcefalia, em que as mães foram picadas pelo mosquito do zika durante a gestação. O obstetra não percebeu a doença durante a gravidez e esta só se manifestou quando a criança tinha entre 5 a 10 meses.

Por isso a neuropediatra aconselha: filhos de mães que tiveram zika durante a gravidez devem ser acompanhados até à alfabetização, pois problemas neurológicos podem se manifestar nos primeiros anos de vida.

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O Ministério da Saúde aconselha as mulheres que tiveram zika durante a gravidez a levarem seus filhos a consultas de acompanhamento até aos 3 anos, mas Vanessa considera que este período deve ser alargado até à alfabetização, para que a doença possa ser detectada assim que surjam os primeiros sintomas. A neuropediatra destaca que estas crianças diagnosticadas com meses de vida podem ser os casos mais graves, mas é possível que surjam outros menos graves, em que a doença se manifeste apenas daqui a alguns anos.

Filhos de mães que tiveram zika durante a gravidez devem ser acompanhados até à alfabetização

Isto porque existe 2 casos de microcefalia: a que é detetada ainda na barriga da mãe ou surge nos primeiros meses de vida da criança, e a que surge nos primeiros anos. As causas para a doença ainda são desconhecidas.

A microcefalia afeta sistema neurológico da criança

A microcefalia é uma doença rara em que a cabeça e o cérebro da criança são significativamente menores do que o esperado para a idade.

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Crianças apresentam problemas motores

Um aspecto comum a estas crianças é que apresentam um crescimento lento da cabeça e problemas de locomoção, com dificuldades em sentarem-se ou engatinharem. Mas apesar dos problemas neurológicos, estas crianças relacionam-se bem com o ambiente que as envolve, comparativamente com as crianças que têm a doença detectada ainda na barriga da mãe.

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O estudo realizado, sobre o impacto do vírus zika em mulheres gestantes resultou de uma parceria entre uma instituição norte-americana e um centro de estudos brasileiros, do qual Vanessa faz parte.

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O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos salienta que, apesar das crianças filhas de mães portadoras de zika durante a gestação nascerem saudáveis, a doença pode desenvolver-se anos mais tarde e os danos neurológicos surgirem após 4 ou 5 anos.

Menino de 1 ano tem microcefalia

Germana Soares é mãe do Guilherme, hoje com 1 ano de idade. Ela teve o vírus zika aos 3 meses de gestação e fez todos os ultrassons necessários para garantir que o filho estava bem. Por várias vezes procurou o obstetra, esclareceu dúvidas e foi-lhe dada a certeza que seu filho era saudável. Na semana do nascimento do bebê ouviu uma notícia que relacionava o vírus zika com a microcefalia e procurou seu obstetra, mas este assegurou que tudo estava bem.

Germana Soares com o filho Guilherme, que nasceu com microcefalia.

O pequeno Guilherme nasceu aparentemente saudável, sem sinais da doença e nem o ultrassom de cabeça que fez detetou que algo poderia estar errado com o recém-nascido. E tudo continuou bem até aos 5 meses de vida, quando teve uma convulsão. Após vários exames o pediatra disse que o bebê tinha microcefalia e Germana Soares mal sabia o que isto era. Aos 25 anos tinha sido mãe pela primeira vez e todo este universo era novo. O seu filho iria precisar dela para o resto da vida e a culpa era do vírus zika.

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Hoje o Guilherme tem um ano e ainda não engatinha. Não sabe se vai andar, tem epilepsia, espasmo pulmonar e uma luxação do lado esquerdo da bacia, tudo causado pelo vírus.

Germana Soares fundou a União de Mães de Anjos, uma organização sem fins lucrativos que apoia famílias que têm filhos com microcefalia. Largou o emprego e dedica-se à associação e ao filho, na vida não há tempo para mais nada, pois o Guilherme precisa dela 24 horas por dia.

Procure um médico e certifique-se que os exames estão em dia! A prevenção é a sua melhor aliada!

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