Médico agride gestante em trabalho de parto no Amazonas

Crédito: Unsplash

O caso do médico que agrediu uma gestante em trabalho de parto aconteceu na cidade de Manaus, no hospital estadual Balbina Mestrinho, Zona Sul de Manaus. A unidade de saúde faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS) e foi ambiente para mais um relato de violência obstétrica.

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Entenda como aconteceu

De acordo com os relatos da família e o vídeo feito no momento do parto, o médico estava totalmente irritado, sem paciência com a família da jovem e menos ainda com a gestante, dizendo que ela não estava ajudando em nada.

De acordo com a família, ela já estava fazendo força há horas e estava sem ter a dilatação necessária para a passagem. O bebê ainda estava longe da hora de nascer e a família questionou se não era o caso de levá-la para uma cesariana.

Impaciente, ele queria resolver logo e, de forma rude, falava para a gestante fazer ainda mais força, apesar de estar visivelmente abatida. A família, depois de muito pedir, disse que chamaria a imprensa, o que deixou o médico exaltado.

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Além disso, ele mandou que segurassem a jovem de 16 anos e que subissem em sua barriga, empurrando com muita força para retirar o bebê, causando muita dor, a ponto dela não conseguir mais empurrar, quase desfalecendo.

O obstetra em questão, Armando Andrade Araújo, depois de gritar com a familiar, agrediu fisicamente a gestante – além de toda a violência psicológica – dando dois tapas em suas virilhas. Quem já teve parto natural sabe o quanto dói qualquer movimento, principalmente depois da bolsa romper. Imagine dois tapas fortes na virilha.

Veja o vídeo, com conteúdo sensível.

Segundo a imprensa local, Armando Andrade já teria sido preso em 2015 por fazer parte de uma quadrilha que cobrava para fazer partos na rede pública. A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SUSAM) informou que o homem é alvo de um processo administrativo do órgão para apurar outra denúncia de negligência.

A jovem mãe disse para a imprensa: “meu primeiro e último filho. Depois disso não quero outro filho. Espero que a justiça seja feita e não aconteça com outras mulheres. Ele é muito violento, é um monstro” A identidade da vítima não foi divulgada.

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Ela disse também que não tinha denunciado antes porque não tinha o vídeo e a equipe não aceitou testemunhar contra o médico, ficando muito difícil provar qualquer coisa. O parto, que aconteceu em 2018, só pode ter sua etapa jurídica agora que o vídeo está na internet.

De acordo com seu depoimento, o obstetra “pedia para a enfermeira segurar a minha perna, para eu não me mexer, e para outra médica subir na minha barriga para o neném sair. Minha sogra falou que ia chamar a polícia e a imprensa, e ele ficou com raiva e me bateu (…) ele estava ali, tentando tirar o neném à força”.

Logo depois que a sua sogra começou a gritar, dizendo que iria denunciar e chamar a imprensa, outro médico assumiu, sendo tratado com ironia pelo obstetra descontrolado, “você quer fazer? Leva a luva, é o herói”.

O novo médico fez um corte e o bebê nasceu rapidamente, sem complicações. A SUSAM divulgou nota oficial declarando que repudia a conduta do médico e que o vice-governador e secretário de estado de Saúde, Carlos Almeida, solicitará à direção do Instituto de Ginecologia e Obstetrícia do Amazonas (Igoam), empresa ao qual o profissional é cooperado, o seu afastamento. O órgão cobrou também providências do Conselho Regional de Medicina.

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Além do afastamento, de acordo com a delegada Débora Mafra, da delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher, o médico será chamado para depor. Em seguida, o caso será encaminhado para a justiça, junto com os outros boletins de ocorrência.

Segundo a delegada, “há mais cinco boletins de ocorrência narrando fatos semelhantes ao que essa vítima fala: xingamentos, tapas e agressividade em um momento que deveria ser terno”.

Infelizmente esse tipo de violência obstétrica é mais comum do que deveria nos hospitais públicos e particulares do país. Se informar é um caminho para evitar e reconhecer quando casos como esses acontecerem. Assista ao vídeo para ajudar nessa missão: